quarta-feira, 29 de setembro de 2010

XXII REFENO


Enfim, nosso trecho mais esperado!
Hoje é o dia da largada da regata Recife/Fernando de Noronha.

Acordamos as 04:00 da manhã e 30 minutos depois já estávamos deixando o Iate Clube Cab anga, pois (como já sabem) precisávamos da maré cheia para sair.
Por aqui, nesta hora já é claro, pela diferença da longitude, sem alteração no fuso horário.

Seguimos o longo canal dragado, até o porto, em fila indiana, juntamente com outros inúmeros barcos.

O sol já começa a dar o ar da graça...

...e as cores se tranformam rapidamente.

No caminho, precisamos fazer um reboque no Rekantu's, barco de aço do nosso amigo Nilson, de
Porto Alegre...

...que uma vez ancorado, identificou o problema.
Era o rotor da bomba de água salgada.
Uma peça de reposição que todos carregamos.
Resolvido!

Voltamos a dormir, pois a largada da regata será só as 15:00 horas, e precisaremos estar muito inteiros para enfrentar as 300 milhas (500 km aproximadamente), que deverão levar 3 dias e 3 noites de navegação.

Refeitos do sono, o César, o Evoy e o Rodrigo mergulharam para fazer uma faxina no casco do Firulete, para remover algas e cracas, e assim melhorar seu deslize na água.
Nem o bote escapou da faxina.

Fizemos um almoço reforçado, pois não sabemos quando iremos comer novamente.
Levantamos a grande, amarramos tudo no convés e na cabine.
Estamos prontos!

As 15:00 horas é dado o tiro para a largada do primeiro grupo e para adentrarmos na área de largada, já que estávamos no segundo grupo.

Tinhamos 15 minutos para o check-in, onde todos os barcos passavam junto do cais, com toda a tripulação no convés...

...e se apresentavam para a comissão de regata, pelo rádio vhf...

...e onde um público de curiosos e torcidas organizadas aplaudiam e apupavam, ao som a banda da Marinha.
Uma festa bonita, em que nos sentimos atletas profissionais.

A comissão de regata avisa aos 5 minutos da largada...
...ao 1 minuto...
...e o tiro.
Embora seja uma competição de longo curso, os barcos disputam cada palmo. É muita adrenalina.

Largamos bem...
...e as velas são ajuntadas a cada momento, para tirar o maior proveito do vento.


Uma vez do lado de fora do canal, o rumo é de orça, e a tripulação precisa fazer bordo, para reduzir a adernada do barco.


A medida que entramos em mar aberto, o vento aumenta e as vagas também.
Para melhorar a estanqueidade do barco, e evitar água no interior da cabine, vinda de respingos e até ondas que passam por sobre o convés, vedamos as gaiútas com fita tape.

O mar e vento vão num crescente, se não fosse regata já estaríamos reduzindo pano, mas queremos andar mais...

...e o leme pesa e exige mais atenção...

...o que nos obriga a revezar na tarefa da roda do leme...

...trocando a cada duas horas.
Será um rodízio que atravessará a noite, e exige turnos de cama mesmo de dia.

O Firulete aí já começa a voar baixo, observem o bigode deixado no sotavento da proa...

...isto exige um jogo de pernas que mais parece estarmos dançando com o Firulete.

Ao amanhecer o vento dá uma pequena trégua, acho que para que possamos contemplar o astro rei.
Mas a noite foi "punk". A tripulação sentiu e temos dois mariados e um com forte trocicolo.
Acompanhamos pelo rádio vhf e muitos são os barcos com enjôo, alguns até sérios, com desidratação profunda.
Houve também algumas quebras e desistências.

Mas seguimos adiante, agora já reduzindo um pouco de vela, para que a tripulação possa se refazer.
Aqui somos ultrapassados por um catamaran. São mais rápidos, mas correm o risco de capotagem, enquanto os monocascos, são auto adernáveis, portanto bem mais seguros.

E novamente o vento fica forte, fazendo muita espuma na nossa esteira...

Com 48 horas de navegação...
TERRA A VISTAAA!
Parece mentira que se chegue assim tão precisamente em um pedaço de terra no meio do oceano.

No fim da tarde entramos por sotavento em Fernando de Noronha.
Agora é só cruzar a linha de chegada, que fica no meio da ilha (no mirante do Boldró).
Aí passamos já escuro.
Fizemos a identificação da chegada pelo rádio, e recebemos a confirmação do tempo real do percurso.
Para saber do resultado, só amanhã, pois o que conta são os tempos corrigidos, já que cada barco tem um índice de rendimento.
Seguimos para a área de ancoragem, definida por bóias pelo ICM-Bio, autarquia que cuida dos parque nacionais, para que as âncoras não danifiquem os corais.
Ancoramos as 20:00 horas e capotamos em seguida, exaustos.
Acordamos neste cenário magnífico. Água muito limpa e a ilha exuberante, que nos espera.
Desculpem-nos pela demora desta postagem, mas em Noronha a internet não colaborou, de forma que já estamos em Natal, com 3 postagens reprezadas que aos poucos regularizaremos.
Um abraço.
Norberto.






























































sábado, 25 de setembro de 2010

Estada em Recife

Aqui estamos, no Cabanha Iate Clube, que é o promotor da maior regata da América Latina.
Uma ótima acolhida, que possibilita uma permanência de até 60 dias, para os participantes da Refeno, sem custo algum...

...com mordomias como: piscina, sauna, quadra de esportes, cantinas, sala de internet e alguns quiosques com churrasqueiras, onde rolaram churrascos e os nossos amigos gaúchos mostraram seus dotes.

E ainda um restaurante, à la carte e com música ao vivo.

No jardim, um veleiro enterrado na grama.
Foi de um velejador antigo que viajava sozinho pelo mundo, e teve a felicidade de morrer por aqui.
Ninguém apareceu para buscar a embarcação e ela acabou virando arranjo de jardim.
Triste fim para um veleiro, acostumado com a liberdade dos mares, e a interagir constantemente com as ondas e o vento.

Aqui tínhamos um apoio permanente para informações turísticas.
Tiramos dois dias para conhecer um pouco de Pernambuco.
Alugamos um carro e saímos para os 230 Km da orla do estado.

Fomos a Olinda, uma cidade histórica, bem preservada, numa colina de onde se avista o mar.
Lá ao fundo, Recife.

Óh Linda! foi a origem do seu nome.

Aqui, o César vira quadro numa exposição, instalada numa casa judia, onde as mulheres menstruadas se recolhiam, pois não podiam viver com seus maridos neste período.

Tivemos sorte, pois fomos num domingo a tarde e pudemos assistir a uma apresentação de maracatú...

... e a um desfile de frevo.

Aqui, uma igreja muito antiga, em Paulista.

Aqui outra, em Igarassu...

...onde próximo havia este mosteiro.

Ilha de Itamaracá, Forte Orange. Construído pelos holandeses, e mais tarde tomado pelos portugueses.

Aqui, Rodrigo, Aurora e Ximena (nossas sócias no carro), já dentro do forte.

As instalações militares, no coração da fortificação, com uma pequena capela...

...e estranhas esculturas de madeira.

No fim do dia, fizemos um almojanta, a beira do rio.
Comemos uma calderada de frutos do mar. Prato local de grande fama.

De volta ao clube. Os barcos continuam chegando.
Já parece uma praça de guerra...

...onde as garças a tudo assistem, aparentemente sem se perturbarem.

No dia seguinte, rumamos paro o sul, e fomos até Porto de Galinhas.

Um dia de turista comum.
Sombrero, caipirinha, caipirosca, cerveja, um peixe grelhado servido na praia.
Etâ vidinha mais ou menos!

O Firulete recebe a vizita da Ximena, colega de vela, arquiteta portenha, sócia do carro (alugado), e que tem se tornado uma grande amiga.

A noite, o Clube se enche de gala para a festa de abertura oficial da Refeno.
Discursos; Hasteamento das bandeiras dos países participantes; Banda da Marinha; Jantar e música.

Para a festa, a Aurora comprou este vestido em Porto de Galinhas, com a ajuda de um arquiteto e um engenheiro (o Humberto - Argentina) que viraram consultores de moda.

De manhã, apesar da ressaca geral, uma reunião de comandantes, para instruções de regata; alertas da Marinha, e esclarecimentos sobre a Reserva Nacional de Fernando de Noronha.

A tarde, chegaram os reforços para o Firulete.
O Evoy (meu irmão e sócio de barco) e a Samara, que vieram para fazer o trecho-top de nossa viagem.

E no clube, o engarrafamento é geral.
Estamos na véspera da saída...

...o Firulete está já fardado para a regata, com os adesivos dos patrocinadores...

...e aqui, na lista de regata, junto com seus concorrentes diretos.
Adeus Recife! Amanhã, as 4:30 da madruga, saímos para a área de largada, pois temos que aproveitar a maré cheia para saírmos do clube.
O vento e mar nos aguardam! Que sejam camaradas, pois serão 300 milhas em alto mar.
Até Fernando de Noronha, amigos!

Norberto.