domingo, 17 de março de 2013

Projeto Volta Atlântico - etapa 9 - Morando em Sympson Bay

Caros companheiros virtuais de viagem, acho que vou frustrá-los nesta postagem. É que estou a duas semanas ancorado no mesmo lugar. Como sempre, quando fico sozinho, não navego e tiro o tempo para investir no barco, e melhorá-lo como morada e como meio de transporte.
Sinceramente acho que gosto mais desta vida de morar embarcado do que de velejar propriamente.
A rotina do dia a dia a bordo é intensa, mas simples. Vive-se numa total sintonia com o meio, embalado pelo suave movimento da ondulação, o calor do sol, o frescor da briza, as cores do por do sol no mar, o céu estampado das noites, toda energia consumida sendo gerada pelo sol. Até as idas para terra com o bote são uma curtição.  Olha, não preciso de muito mais não. O meu projeto, com a compra do barco em 2005, sempre foi, focando numa terceira idade com qualidade de vida e com baixo custo, ou seja, ser um aposentado viável e feliz.
De forma que não visitei novos lugares e nem bati fotos espetaculares.
Para compensá-los, vou postar uma seleção de fotos que fiz a partir de uma coletânea que adquiri em Havana, do fotógrafo cubano Miguel Angel Meana Coronado, e do texto que redigi com as minhas impressões da viagem à República Dominicana e Cuba.
Acho que as fotos e o texto se complementam muito bem.
Para quem não sabe: Dê um clique sobre a foto do blog e a terá num tamanho ampliado.



Opinião sobre Cuba e República Dominicana
Por Norberto Zaniboni, em março de 2013.


Passei quatro dias em Santo Domingo, capital da República Dominicana, e quatro dias em Havana, capital de Cuba, e aqui registro minhas impressões de um turista ávido por conferir a real situação do único país latino-americano que, nas barbas dos Estados Unidos, ousou confrontar o “império” e implantou um regime comunista, alinhando-se com o bloco soviético.
De início quero dizer que sempre quis visitar Cuba, pois fui simpatizante do movimento, torci para que desse certo, e duvidava da veracidade das notícias que se tinha, dado o controle das informações que as agências de notícias norte americanas faziam.

Vivi minha juventude e formei meu pensamento político-social numa época em que o mundo ocidental se reerguia do pós-guerra, dividido em comunistas e capitalistas. O comunismo se apresentava como uma reação humanitária aos excessos decorrentes do período pós-industrial, onde o homem foi reduzido à máquina (produzir e gerar lucro).
Na América Latina, um território desde sempre sugado, formava-se um movimento de intelectuais e trabalhadores que cresceu muito rápido e chegou a um nível de organização política capaz de assumir governos. Eram forças nascidas na base da sociedade e com um embasamento teórico, a partir de teses como as de Marx e Engels (livro: O Capital), que construía o pensamento comunista.

No meu quintal de casa, uma região de economia extrativista mineradora, onde as relações de trabalho são mais extremas e a pirâmide social mais vertical, o sindicalismo é sempre forte. Isto eu vivenciei desde a infância e muito marcou minha experiência de vida.
Ocorre que todo este movimento político-social, em toda a América Latina, esbarrava no fato de que éramos apadrinhados dos Estados Unidos e considerados sua área de interesse. Todos os governos da América Central e do Sul deviam e prestavam contas a Casa Branca. Eram governos elitistas, alguns populistas, alguns ditadores, mas todos pediam a benção a Washington.

Num descuido, Cuba, que há anos sofria com uma ditadura pesada, foge do controle e pela via armada-revolucionária toma o poder.
Para sobreviver, alinha-se ao bloco comunista da União Soviética, que lhe proporciona guarida militar e econômica.

A partir daí, os Estados Unidos inicia uma operação de desmonte de toda a organização política de esquerda nos países onde podia influenciar, ou seja, seus afilhados, impedindo assim que o exemplo de Cuba se alastre. Em muitos países realmente era só uma questão de tempo, pois a esquerda se fortalecia rapidamente. No Brasil, o então presidente João Goularte (Jango) em 1963 (quatro anos após a vitória de Fidel Castro) tinha já um alinhamento com as esquerdas organizadas e o forte sindicalismo. Iniciou-se então o período da tomada de poder pelas forças armadas, fomentadas pelos Estados Unidos que deram apoio logístico (via CIA) e econômico (via empréstimos bancários). Todos os países da América Latina viveram esta intervenção disfarçada. Foram os chamados “anos de chumbo”.
As consequências foram semelhantes em todos os países. O aniquilamento dos sistemas político-partidários bem como das organizações sociais (comunitárias, estudantis, trabalhadoras, etc...); dossiês de ações militares e paramilitares que fizeram desaparecer milhares de pessoas envolvidas na tentativa de reagir; uma vultosa dívida junto aos bancos internacionais, resultado de contratos mal feitos e juros impossíveis de serem pagos com uma moeda fraca; sistemas de educação que não educam; e principalmente, uma herança de ausência de líderes e verdadeiros representantes do povo e o seu consequente descrédito na política, o que causará um estrago por muitas décadas mais.

Percebi que Cuba, onde a história foi escrita por outra via, também não conseguiu os objetivos esperados. O país, que é a maior ilha do Caribe, se ressente muito do isolamento econômico que lhe foi imposto. Apesar do esforço nestes 64 anos de governo revolucionário, a ilha está longe de ter seus problemas resolvidos. Pude constatar o seguinte:

·       Havana, com seus 2,5 milhões de habitantes, é um cenário nostálgico. Praticamente mantém seus prédios antigos que são habitações partilhadas por famílias há três gerações (moram pais, filhos casados, netos e bisnetos, juntos). Estes prédios não sofrem uma devida manutenção, vão se acabando. Onde ruem, não são construídos novos. A dita parte nova da cidade tem prédios de má qualidade e parecem piores que os antigos.

·       Sobrevoando o território cubano, percebi uma agricultura muito organizada, com uns 70 a 80% de aproveitamento, e uma rede viária muito bem estruturada.

·       A atividade industrial, por outro lado é acanhada. A classe média e boa parte dos intelectuais de Havana foram aos poucos deixando o país. Com a iniciativa de empreendimento só por conta do estado e sem cabeças empreendedoras, o resultado foi acanhado. O apoio logístico da União Soviética também não surtiu muito efeito, principalmente pelas diferenças culturais e estruturais, além de que o bloco Socialista logo começou a ruir.

·       Os carros dos anos 40 e 50 continuam circulando e dão um aspecto bem nostálgico à cidade. Na sua maioria foram adaptados para motores a diesel e cumprem a função de taxi. Devem representar 1/3 do total de carros circulando. Quase não há ônibus, e o transporte fica por conta destes taxis que operam coletivamente. Na parte histórica da cidade, como as ruas são estreitas o transporte é feito por triciclos (motos e bicicletas adaptadas). Outro 1/3 é de carros russos (principalmente da Lada) e o 1/3 restante de carros modernos (principalmente asiáticos).

·       Na cidade o sistema viário atende bem e não há engarrafamentos. Os motoristas são corteses, andam devagar e há harmonia com os pedestres.

·       O sistema de esgoto parece funcionar bem, pois não se percebe problemas e a água do mar é muito limpa.

·       A cidade é bem limpa (o povo não joga lixo na rua), muito segura, há muita presença policial, mas não tão ostensiva. A maioria são mulheres e não andam armadas. Dá a impressão de atuarem mais localmente. Tive depoimentos de que há poucos delitos e que são logo identificados. A presença de drogas é quase zero.

·       O povo é muito alegre, mas leva um padrão de vida abaixo da nossa média. Alegam que quem não trabalhar vai preso, mas vi muito trabalho informal e até um pouco de prostituição, talvez pela cidade estar sendo invadida por turistas. É muito turista circulando, principalmente pela parte histórica. Vêm principalmente do Canadá, Alemanha, França e leste europeu.

·       A rede de hotéis não é suficiente e bastante cara. Há muitas hospedagens domiciliares, credenciadas e fiscalizadas. Foi onde fiquei e gostei da alternativa.

·       Artigos industrializados são escassos e de aparência mal acabada. O padrão de consumo é bastante baixo.

·       O comércio é á base de pequenos estabelecimentos e não há redes nem lojas grandes.

·       O aeroporto de Havana é moderno e eficiente. A empresa Cubana de Aviação opera com aviões russos (Tupolev), um pouco antigos, mas bem confiáveis, e muito confortáveis (bem mais espaçosos que os nossos).

·       Há música por todo o lado. Bares e restaurantes têm música ao vivo, sempre grupos de Salsa. Aliás, não ouvi uma música sequer que não a cubana.

·       A TV não é tão presente nos ambientes públicos e parece não ser tão apreciada, mas elogiam as novelas brasileiras. A população vive muito a rua.

·       O principal esporte é a Pelota, uma espécie de beisebol, e é paixão nacional. Nas praças, fim de tarde, reúnem-se grandes grupos de homens que discutem por horas, em voz alta, o tal esporte.

·       Cinema exibindo uma produção cubana (Esther em algum lugar) com ingresso simbólico. Sorvete na praça com preço simbólico (quase de graça, mas só para cubanos).

·       Nas praias há pouca infraestrutura. O pessoal vai e leva o que precisa.

·       Chê é disparado o principal herói nacional, apesar de ter sido argentino, mas não percebi grande entusiasmo com o sistema de governo. Aliás, ouvi algumas manifestações (em off) de insatisfação.

·       A internet não é disponibilizada. Só existe nos Correios e nos Hotéis (para os hóspedes). Dois dos hotéis de Havana prestam o serviço, no preço equivalente de R$6,00/meia hora).

·       O discurso do governo revolucionário não evoluiu. Continua pregando a luta contra o imperialismo e a importância de se manterem vigilantes. Acho que cansou e para os mais jovens isto nada significa. Aliás, percebi mais identidade e confiança no futuro no povo Dominicano que no Cubano.
Pela República Dominicana, como não esperava muito, acabei me surpreendendo positivamente. Acho que passa por um momento de desenvolvimento e tem boa infraestrutura. Se parece bastante com a Bahia e Santo Domingo (a capital), com Salvador, inclusive na sujeira. O rio despeja muito lixo no mar, que por sua vez espalha na orla calcária . Tem um centro histórico mais bem preservado. Cultivam o fato de Cristóvão Colombo ter chegado e se fixado aqui, e mantém um bom acervo de prédios e documentos da época. Não conseguiu dar solução ao contingente de haitianos que invadiu o país depois do terremoto. São milhares de pessoas, trabalham principalmente na construção civil, mas estão na clandestinidade. Enfim o país tem enormes desafios, mas parece estar se encaminhando.
Sobre Cuba, concluo que o ato de rebeldia acabou custando muito caro, considerando as mortes, a evasão, e o resultado a que chegou até este momento. Foi com tristeza que cheguei a esta conclusão. Acho que o país precisa de um projeto de abertura e realinhamento global para poder usufruir do processo de desenvolvimento e paz que o planeta hoje respira.

Sobre o Brasil, por onde passo as opiniões são unânimes – ah Brasil? Está mui biem no? Tem Roberto Carlos, Pelé, Ronaldo, Ronaldinho, Lula!

Estas são as impressões que destaquei nesta rápida visita às duas capitais, não devem ser consideradas ao nível de um estudo aprofundado, mas senti a necessidade de registrar, devido ao número de pessoas que vão me perguntar a respeito, e para que com o tempo, eu não esqueça ou misture o que vi.

Vamos cultivar a democracia, é um caminho lento, às vezes tortuoso, mas com certeza é o que melhor conduz e menos vítima faz.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Projeto Volta Atlântico - etapa 8 - Férias do Firulete

Nesta etapa o inusitado é que deixei o Firulete e virei um turista comum. Isto para permitir ao Evoy e Samara receberem seus convidados: O Dudu (irmão gêmeo da Samara), a Carol (sua esposa) e filha (Isadora).
Desta forma vou desenvolver a postagem em dois blocos: Um da minha viagem aereo-terrestre e outro da navegação do Firula.
Nestes 10 dias que tive de férias aproveitei para fazer uma visita a Cuba, país que sempre quis conhecer, principalmente para poder sentir os resultados do seu caminho revolucionário, que já tem 64 anos de história. Como o vôo a partir de Sint Maarten envolvia duas empresas e escala em Santo Domingo, capital da República Dominicana, resolvi dividir a viagem em duas estadias de quatro dias em cada capital, e assim poder fazer um paralelo entre a realidade desses dois países  muito semelhantes em território, população, cultura, mas com a diferença no sistema de governo nessas últimas 6 décadas.
Para quem não sabe, sempre tive grande simpatia pela revolução cubana, e a considerei um exemplo de coragem e determinação de um povo.
Mas, seguindo o perfil do blog, vamos por partes. Mais imagens e menos texto, e que cada um possa viajar junto e tirar suas  próprias conclusões.

No aeroporto de Saint Maarten, mochila nas costas e o propósito de viajar como um estudante. Relembrando os veeelhos tempos.

O vôo  para Santo Domingo - República Dominicana - atrasou quase 3 horas. Sanduíche de almojanta.

No vôo, viajei com um dominicano que me aconselhou não ir para a cidade (45km do aeroporto) e sim para uma praia mais próxima, já que estávamos chegando a noite.
Peguei um pequeno hotel na praia de Juan Dólio e de manhãzinha já estava caminhando na orla.

Água padrão Caribe e ...

uma cortina de prédios entre o mar e a avenida. Com isto a praia fica isolada do trânsito e tem um aspecto de privativa. A princípio me pareceu estranho, mas o resultado é bem aconchegante e os próprios condomínios mantém a praia limpa e até varrida. O acesso público da avenida até a praia é por galerias cobertas, construídas e mantidas pelos condomínios. Interessante.

Peguei um ônibus pinga-pinga que me levou até a cidade. Cinquenta quilômetros em duas horas, mas andar de ônibus é uma boa maneira de conhecer uma cidade e seu povo.

Fui direto para a Zona Colonial, que não é rural e sim histórica, ou seja, a parte antiga. Achei uma pequena hospedagem (Cool Hostel), com um quarto de 2x3 e um banho. Bem funcional e do tamanho do meu bolso (Us$35,00 com desaiuno). Gostei.

Larguei a mochila, peguei um mapa da cidade e saí a caminhar.

A dita zona colonial é toda com prédios do período colonial. Ruas estreitas que as vezes se abrem para praças arborizadas. Lembra o pelourinho de Salvador, só que bem melhor cuidado e limpo.

Alguns vazios dão lugar a novos espaços bem aproveitados pela comunidade local. Aqui duas tabelas de basquete junta jovens o dia todo, e entram na noite jogando.

O centro histórico está na foz do rio Ozama, que permitia o acesso das caravelas e hoje tem um pequeno porto e uma pequena marina.

As ruínas do Monstério de São Francisco, praticamente na frente da minha hospedagem. Anoiteci na rua, empolgado com a beleza do lugar.
No dia seguinte cedo já estava percorrendo o sítio histórico. Santo Domingo foi onde, em 1492 Cristóvão Colombo baseou a primeira colônia no dito Novo Mundo.

Aqui as muralhas que protegiam a cidade em relação a entrada do rio, sua sede militar e uma estátua de Colombo.
E aqui a Catedral Primada de América, ou seja a primeira catedral, construída entre 1514 e 1540, que dá para o Parque Cólon, ...
com mais um monumento de Colombo.
O Convento de los Dominicanos, ...
o Hospital Nicolás de Bari, de 1503, ...
e o Museu de las Casas Reales, que guarda a história dominicana de 1492 a 1821, com o touro na praça e o relógio de sol.
 A Plaza de España, um amplo espaço público, com muitos restaurantes e barezinhos de frente para ...

o Alcázar de Colon. Morada construída entre 1510 e 1512, para Diego, filho de Cristóvão Colombo, então nomeado vice-rei das Índias.
A casa dá para o rio, onde em frente fica a caravela (réplica) estacionada.

Para mudar os ares, fui dar "um mergulho" no Acuario Nacional, onde tinha várias excursões de escolas.

No sábado pela manhã passei numa rua do centro histórico que estava um agito. Um mutirão de pintura...

com pessoas da comunidade. A tinta e alguns pintores-instrutores eram fornecidos pelo órgão público de patrimônio. Os voluntários ganhavam uma camiseta alusiva a campanha "Aiuda-me a pintare tu casa". Que beleza de campanha!

Visitei a exposição "flotando" (flutuando), patrocinada pelo governo da Espanha, ...

onde o artista montou instalações todas com lixo retirado do rio Ozama. Um resultado com muita criatividade, harmonia, beleza, além de educativa.

E então fui caminhar na orla. Da foz do rio até a parte nova da cidade. Foram uns 8 quilômetros de caminhada. A costa é toda calcária. Aliás a cidade está montada num banco calcário. O mesmo material utilizado nas construções coloniais, que em blocos lembra uma mistura de arenito com mármore travertino e tem um bela textura. É um material que se formou no fundo do oceano.

Aqui uma vigia militar, de frente para a foz do rio Ozama.

O mar caribenho é limpo, não fosse o lixo flutuando e engalhado na costa rochosa, todo saído do rio. Daria para fazer milhares de instalações. Haja artistas.

Há muitos monumentos por toda a cidade, ...

e alguns prédios modernos e com boa arquitetura.

Visitei o Museu de Arte Moderna, onde conheci esta estudante que estava fazendo um trabalho de arte. A fotografei para registrar a típica beleza dominicana e porque ela parecia fazer parte da pintura alí exposta.

Depois fui visitar o Museo do Homem Dominicano, onde há muitos registros dos habitantes deste território desde os primórdios. Aliás muito semelhante aos nossos ancestrais nativos. Nos idos do ano mil estavam saindo da "pedra lascada", e nos idos de 1400 dominavam uma agricultura de sobrevivência, e produziam utensílios de cerâmica, de forma que quando os europeus aqui chegaram, pareciam deuses. O homem das Américas estava muitos séculos atrasado, em relação a Europa, Ásia e  Norte da África.

 E chegou o dia de ir para Havana. A expectativa era grande. O avião da Cubana Aviação, um Topolev (russo), meio antigo, mas muito bom, confortável e bem espaçoso.

E o aeroporto de Havana, bem moderno e funcional.
Fui atras de um mapa da cidade e uma simpática senhora foi me dando muitas dicas. O meu espanhol está a cada dia melhorando.
Me recomendou ficar em uma pousada familiar e me encaminhou para uma amiga sua.

Fui parar em Habana Vieja, na Hospedaje de Martha e Ramón. Um casario do século XIX, onde ela (com 70 anos) residia com seu marido (82), duas filhas casadas, uma neta casada e uma bisneta (13).
Tinham 3 dormitórios a mais, com banho privativo, para alugarem.
Há muitas hospedagens deste tipo, todas identificadas na fachada com um selo de autorização e controle.
Tive sorte, pois estão todas bem lotadas.
Os hotéis são poucos e muito caros, principalmente nesta época, que é a de alta temporada.
Saí para caminhar pelo centro histórico, que é enorme, ruas bem estreitas, prédios do século XIX e metade do XX, permeados por alguns do período colonial.
Fui parar, já noite, no Restaurante Europa, com um grupo de música e dança de Salsa. A música ao vivo está presente em muitos ambientes. A tarde e noite.

Os prédios se emendam todos, ...

e alguns se abrem para ...

belos pátios internos.

Uma grande farmácia de manipulação, de 80 anos de idade. Há outras, e são bastante movimentadas.

A cidade está repleta de turistas. As vezes parecem em número maior que os havanos.
São principalmente: Canadenses, Alemães, Franceses, e do Leste Europeu.

A população usa criatividade para arrecadar uns CUC's (moeda cubana convertida, vale um pouco mais que o dólar americano). Há a MN (moeda nacional) que é a do dia a dia do cubano, e vale 1/28 do Us$).
Há um excesso de gente na rua, ofertando coisas e serviços. Chega a ser inconveniente  porque insistem muito. Lembra o baiano, no Pelourinho (Salvador). Tem muito oferta de "thicas" e "thicos", ou seja prostituição, e a qualquer hora do dia.

 Muitos monumentos e esculturas na rua.

Um terço dos carros circulando são dos anos 40 e 50. São bem conservados, na maioria com motores adaptados a diesel, e a maioria são taxis. Há os taxis privativos e os coletivos - que a população utiliza, andam quase sempre lotados e são muito baratos. Substituem os ônibus que praticamente não existem.
Da frota de automóveis, há mais um terço de carros russos (principalmente da Lada) e um terço de carros atuais (principalmente asiáticos).

Tem também as moto-triciclos, motos com side-car e bicicletas adaptadas em triciclo, que fazem o transporte público, principalmente nas ruas mais estreitas da parte velha.

Muitos carros velhos, abandonados ou esperando conserto, pelas ruas.

Uma estação de esgoto, moderna, contrastando com o centro histórico. Parece funcionar bem, pois a água do mar é muito limpa.

Um cubano, fuma um autêntico cubano, recostado na placa da rua Brasil. Aliás, todas a esquinas tem os nomes das ruas e é uma beleza para se situar. Não sei porque isto me lembra Criciúma (minha cidade).

 Na frente dos prédios públicos há sempre fila. Aqui, na frente da TelePunto (empresa de telefonia).

Na transição entre Habana Vieja e Centro Habana (mais comercial) há um largo eixo urbano, como uma enorme praça.
A partir daí largas avenidas estruturais. O trânsito flui muito bem, não se vê engarrafamentos, e os motoristas são tranquilos e corteses.
A cidade é muito limpa. Não se vê lixo no chão.

Saí a caminhar pela enorme avenida a beira mar.

Muitos turistas (no primeiro plano uma típica leste europeu) tomando banho de sol na murada do quebra-mar, que segue por quilômetros.

Um monumento cívico, com um grande palco para comemorações e muitos mastros para bandeiras, de uns 30 metros de altura.

Depois de muito caminhar, sempre pela orla, voltei com um daqueles taxis coletivos...

e encerrei o dia num agradável bar-restaurante de rua.

No dia seguinte fui atrás de um tour urbano que me indicaram.

Havia dois roteiros a fazer. Um, num ônibus aberto, pela orla e alguns bairros, com uma guia (por microfone) dando algumas informações sobre cada ponto interessante, e ...

dali fiz estes registros fotográficos.

No outro roteiro, que era para as praias de leste, que são voltadas para o norte, donde se a vista alcançasse  veria Miami e Bahamas. Que mar! Que água! Que saudades do Firulete!

Volto para a cidade velha. Os bares-restaurantes não param. O almoço se emenda com a janta e a turistada bebe e se empolga. Aqui já virou um almo-janta dançante. E é só salsa e merengue. Aliás em Havana não se ouve outra música que não a cubana. Música internacional não existe.

Na frente de um restaurante o Sancho Pança, figura de Cervantes (Dom Quixote de la Mancha), feito em palha.
Os preços da alimentação são muito baratos, para os turistas claro, pois o salário mínimo do trabalhador não chega a 400 pesos cubanos (algo como R$260). Só que a maioria não paga habitação, educação e saúde, e há muito subsídio.

Para terem uma ideia este sorvete com bolachinhas e mel era servido numa grande praça, no sábado, para uma multidão, num preço simbólico equivalente a R$0,05.
Assisti um filme, produção cubana (Ester em algum lugar), também pelo mesmo preço do sorvete.
Muita gente no cinema. Bom filme.

 A cidade, com seu ar nostálgico, tem ainda charretes para passeios turísticos.
Mas isto é para burguês...

eu fui visitar o Museo de la Revolucion, no antigo palácio do governo (deposto).

El Ché, Fidel e Cienfuegos, o trio que comandou a revolução, em bronze e ...

em cera.

Uma maquete do quartel militar de Havana com detalhes da ação que resultou na sua tomada, pelos guerrilheiros.

Na rua, o tanque que Fidel utilizou pessoalmente, na defesa a tentativa de invasão militar, pelos Estados Unidos, em 1961.

Em frente ao tanque, um resto da muralha que protegia Havana, no período colonial, demonstra que sempre foi um território disputado.

Volto pelo Passeo di Marti (Prado), uma larga avenida com uma longa praça entre as duas vias, ...

onde compro um Granma, o pequeno jornal diário, e sento para ler.

A caminho de casa (da dona Martha), paro num bar, ao lado da estátua de um bailarino cubano, que parece ter sido congelado alí, ...

e experimento um bebida (Bucanero) que é a nossa cerveja preta, sem álcool e menos doce. Uma boa descoberta, já que não bebo nada com álcool na quaresma. Um propósito que tenho mantido já há alguns anos. Mas descobri tarde. Amanhã as 5 da manhã parto para o aeroporto e começo a voltar.

Uma vez em Santo Domingo, fico mais uma noite, por força da conexão aérea.
Vou novamente para a Cool Hostel, onde havia ficado. Esta é a recepção da simpática hospedagem, com Rosanjela (mãe de Marianjela), a simpática recepcionista. Fico todo o tempo ligado na internet, já que em Havana ela praticamente não existe (só nos Correios e Hotéis), e começo a colocar minhas comunicações em dia.
Redigi um texto, resumo das impressões que tive na visita a estes dois países, não vou fazer esta abordagem no blog, pois seria por demais longo. De qualquer forma, quem tiver interesse de lê-lo, pode me enviar uma mensagem pedindo, via Comentários, no Blog (no fim da postagem), que o remeto por e-mail (não esqueça do endereço do e-mail).

No fim do dia seguinte, chegava em Saint Maarten, a bordo do Firulete, para trocar figurinhas com a tripulação: Evoy, Samara, Dudu, Carol e Isadora.
Das suas andanças e vivências, nestes 10 dias a bordo, faço alguns registros.

Entraram e saíram com o Firulete no Lagoon da Sympson Bay, passando pela ponte que eleva 3 vezes por dia.

Com os novos hóspedes devidamente ambientados, partiram em busca das águas caribenhas. Foram para o lado francês (Marigot, Baie Grand Case e Long Bay).

Subiram no Fort Louis, de onde fizeram estas tomadas da baía de Marigot.

E foram para St. Barts, a ilha francesa de Guatávia.
Nadaram, mergulharam, ...

Curtiram tanta água que, mais um pouco, começariam a criar escamas...


e a "preta" viraria "negra". Me desculpem mas não consegui colocar esta foto virada. Está tão boa que resolvi assumir a falha.

Em Saint Bartholomé curtiram Gustávia, Anse du Grand Colombier, Dudu surfou na Anse de Lézards, e ...

adoraram as baguetes francesas.

Voltaram para St. Maarten, que acabou virando a base do Firulete, ,,,

e em Philipsburg caíram nas compras, deslumbrados com os preços free.

Nas noites, depois do jantar, caíam na jogatina (general).

01. 02 e 03 de março, Sint Maarten e Saint Matin, estão num grande agito. Centenas de barcos participam na Regata Hainenken, e a festa rola. Parece ser mais festa que regata.

E chega o domingo. Cedo o pessoal deixa o Firulete rumo ao aeroporto. A Isadora, faz sua maquiagem, estilo aeroporto, já sentada na bagagem.

Para transportar a tudo e a todos de bote, de preferência sem se molhar, exige uma logística.

E lá se foram todos. Fico novamente só, eu e o Firulete. A alegria e a bagunça desta turma vai fazer falta.
E aqui encerro esta, que deve ter sido a maior postagem até agora.
Tchau!